Lady Gaga e o estigma social da fibromialgia

Há alguns anos, milhares de fãs ficaram decepcionados pela ausência de Lady Gaga nos palcos do Rock in Rio. O motivo da ausência foi a fibromialgia, uma doença de causas ainda desconhecidas. Gaga, em entrevista mais recente, disse: “fico muito irritada com pessoas que não acreditam que a fibromialgia seja real... As pessoas precisam ser mais compassivas. A dor crônica não é brincadeira. E é todo dia acordando sem saber como você vai se sentir. ” A falta de apoio sentida e realçada por Gaga é uma faceta do estigma social associado à fibromialgia, cujo caráter invisível pode gerar reações negativas dos outros.

Estima-se que 5,2 milhões de brasileiros tenham fibromialgia. Uma doença que afeta mais mulheres e adultos, mas pode ocorrer em qualquer idade. Os efeitos negativos da fibromialgia são maiores do que apenas o bem-estar físico do doente, ou seja, afetam outras áreas do funcionamento humano, como relacionamentos, responsabilidades diárias, educação, carreira, recreação e interesses, saúde física e mental e espiritualidade.

O que é fibromialgia?

A fibromialgia é a segunda doença reumática mais frequente no Brasil, caracterizada por dor crônica e generalizada e com outras manifestações bem comuns:  fadiga, rigidez muscular, depressão, ansiedade e sono não restaurador.

Para aliviar estes sintomas, os médicos podem utilizar dos medicamentos, que têm seus efeitos colaterais e apresentam alto custo para pacientes com fibromialgia. No tratamento, uma alternativa fortemente recomendada é a atividade física – exercícios aeróbios e treinamento resistido.

Treinamento resistido pode melhorar a saúde mental de pacientes com fibromialgia?

A revisão de Vilarino e colaboradores (2021) avaliaram os efeitos de treinamento resistido na saúde mental de pessoas com fibromialgia. Foram selecionados para esta revisão sete estudos, cuja duração variaram de 4 a 21 semanas. A frequência de sessões era principalmente duas vezes por semana. A sessão de treinamento durava 1 hora e era dividida em aquecimento, tempo principal e desaquecimento. Os exercícios eram realizados com o peso corporal, máquinas e pesos livres. Inicialmente a carga utilizada nos exercícios era 40% 1RM e chegava no final do estudo até 85% 1RM.

Essa revisão concluiu que treinamento resistido melhorou a saúde mental de pacientes com fibromialgia, significativamente reduzindo os níveis de depressão e ansiedade, um resultado semelhante aos observados ao exercício aeróbico.

Senna ER, De Barros AL, Silva EO, et al: Prevalence of rheumatic diseases in Brazil: a study using the COPCORD approach. J Rheumatol 31: 594-7, 2004.

Vilarino GT, Andreato LV, de Souza LC, Branco JHL, Andrade A. Effects of resistance training on the mental health of patients with fibromyalgia: a systematic review. Clin Rheumatol. 2021 Nov;40(11):4417-4425. doi: 10.1007/s10067-021-05738-z. Epub 2021 May 14. PMID: 33987785.